Alunos e professores da Escola Secundária João Gonçalves Zarco, em Matosinhos, deixaram o carro de lado e optaram por meios suaves de transporte, em nome do ambiente. A iniciativa, apoiada pelo Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA), valeu um prémio europeu pela poupança em emissões de carbono.
O projeto CZarco, desenvolvido em Matosinhos, venceu o prémio “Education For Climate’s call for inspiring green education actions 2023”, informou, em comunicado, o CEiiA, que dinamizou a iniciativa. Durante seis meses, 72 alunos e professores da Escola Secundária João Gonçalves Zarco utilizaram uma aplicação que mede as emissões de carbono (CO2), a AYR, e contabilizaram as emissões evitadas com a opção por modos suaves de mobilidade, como a bicicleta a circulação a pé ou de transportes públicos.
O objetivo do projeto de inspirar a mudança de comportamentos de mobilidade chegou dos 70 aos 270 alunos da mesma escola em meio ano. Agentes de mudança, os jovens foram além dos muros da escola e inspiraram também os pais, amigos e a comunidade a reduzir as emissões de CO2.
Da “App” para o mundo real, os alunos propuseram à câmara de Matosinhos a transformação em dinheiro dos “tokens”, uma espécie de créditos ambientais, conseguidos com o valor agregado das emissões de carbono evitadas, quantificadas pela aplicação AYR, criada no CEiiA e premiada com o Prémio NEB – Novo Bauhaus Europeu em 2021. Os fundos obtidos com esta troca com o município vão servir para financiar projetos verdes no ambiente escolar.
O prémio vai ser apresentado em Bruxelas, a 16 de novembro, Dia Europeu da Educação para o Clima. Segundo o comunicado, o projeto é uma parceria entre o CEiiA, o Município de Matosinhos e a Escola Secundária João Gonçalves Zarco, e faz parte do trabalho que está a ser desenvolvido por Lurdes Ferreira na sua tese de doutoramento, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
A iniciativa será replicada, no âmbito da agenda Be.Neutral, nas escolas do Porto e de Guimarães, duas Cidades Missão da rede europeia “100 cidades neutras em carbono até 2030” e em Braga, no ano letivo 2023/24. Integrada no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), “tem a ambição de criar a primeira região neutra em carbono da Europa através do desenvolvimento e industrialização de novos produtos e serviços de mobilidade de nova geração, a partir de Portugal, para as cidades de todo o mundo”, esclarece o CEiiA.
Liderada pela NOS com o CEiiA, a BE.Neutral envolve várias cidades do Norte do País – Matosinhos, Porto, Vila Nova de Gaia, Vila Nova de Famalicão, Braga, Guimarães, Viana do Castelo e Oliveira de Azeméis – e cerca de 40 empresas e entidades do Sistema Científico e Tecnológico, entre as quais a Salvador Caetano, a Simoldes, a TMG, a EDP, a Siemens e os CTT.